domingo, 12 de junho de 2016

13/06/2016




13/06/2016

Maldita, ela olha na tentativa de conhecer a voz. Maldita são alguns dos nomes que falam sobre ela. Aleph, seu pai, atribui um nome a ela incomunicável. A chuva continua, sua pele esta tremula e os olhos cansados. Depois de socorrer a grama com um pouco de alegria, duvida que seus filhotes ainda estejam vivos. Mas estão, resistem como ela resiste. Sua mãe, uma ente, de um mundo já quase esquecido, tece suas palavras todas as noites com o objetivo de ampliar as paisagens mentais dos homens. No alto do horizonte o sol insiste em aparecer, o sol é um conhecido antigo, pai de alguns dos seus filhotes. Mas, a tempestade chega com toda sua força e ela precisa se esconder debaixo de um carro. A tempestade é uma antiga amiga que não entende o que ela faz onde esta. Debaixo do carro ela observa as gotas sendo pisadas pelos pés distantes do chão. Na poça de agua que se forma junto ao óleo que sai dos motores, se enxerga, e lembra como é bonita, como é absurda e impossivelmente bonita. Seu peito se enche e ela persegue uma moto até a outra esquina onde as casas deixam os restantes dos alimentos. Um homem aparece e ela encara seus olhos, ele chora ao lembrar da morte de um filho. Ela saca um pedaço de milho e segue pela rua como desvendando uma antiga conversa com a tempestade.



* conto sacado do livreto “Alguns Sentidos Dissecados do Ordinário”, Yan Chaparro (2016)

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Livreto - A Espessura do Tempo em Cada Passo



(livreto que esta em processo de impressão para publicação no cotidiano)



Título: A Espessura do Tempo em Cada Passo
Autor: Yan Chaparro
Fotografias: Yan Chaparro
Diagramação e Criação Gráfica: Marcelo Pisani Garib
Ano: 2016

* Um agradecimento em especial ao Augusto Paulista, CHICO que presenteou este livreto com o conto  de sua autoria denominado Construção.