terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Para além da Parede.




Foto sobre as reflexões Para além da Parede.
Caminhar.

O Besouro e a quina da Parede.




Foto sobre as reflexões O Besouro e a quina da Parede.
Caminhar.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Para além da Parede.




Foto sobre a reflexão Para além da Parede.
Caminhar.





O Besouro e a quina da Parede.




Foto sobre as reflexões O Besouro e a quina da Parede.
Caminhar.





Para além da Parede.




Foto sobre as reflexões Para além da Parede.
Caminhar.

O Besouro e a quina da Parede.




Foto sobre as reflexões O Besouro e a quina da Parede.
Caminhar.

terça-feira, 19 de julho de 2016

um relato transcrito pelo horizonte




No final do dia ilumino predios altos prontos para cair e torres que confude os sentidos de quem ao abrir os olhos esquece o proprio nome. Estou mais perto do invisivel. Claro que estou para todos, e sempre estarei, mas tenho o presentimento que esquecem que eu existo, podem até olhar, mas suas visões se neblinam por um fraco delirio que ofusca seus olhos. São muitos os refletores prometendo o céu.

* texto  retirado do livreto  "um relato transcrito pelo horizonte".





    

domingo, 12 de junho de 2016

13/06/2016




13/06/2016

Maldita, ela olha na tentativa de conhecer a voz. Maldita são alguns dos nomes que falam sobre ela. Aleph, seu pai, atribui um nome a ela incomunicável. A chuva continua, sua pele esta tremula e os olhos cansados. Depois de socorrer a grama com um pouco de alegria, duvida que seus filhotes ainda estejam vivos. Mas estão, resistem como ela resiste. Sua mãe, uma ente, de um mundo já quase esquecido, tece suas palavras todas as noites com o objetivo de ampliar as paisagens mentais dos homens. No alto do horizonte o sol insiste em aparecer, o sol é um conhecido antigo, pai de alguns dos seus filhotes. Mas, a tempestade chega com toda sua força e ela precisa se esconder debaixo de um carro. A tempestade é uma antiga amiga que não entende o que ela faz onde esta. Debaixo do carro ela observa as gotas sendo pisadas pelos pés distantes do chão. Na poça de agua que se forma junto ao óleo que sai dos motores, se enxerga, e lembra como é bonita, como é absurda e impossivelmente bonita. Seu peito se enche e ela persegue uma moto até a outra esquina onde as casas deixam os restantes dos alimentos. Um homem aparece e ela encara seus olhos, ele chora ao lembrar da morte de um filho. Ela saca um pedaço de milho e segue pela rua como desvendando uma antiga conversa com a tempestade.



* conto sacado do livreto “Alguns Sentidos Dissecados do Ordinário”, Yan Chaparro (2016)

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Livreto - A Espessura do Tempo em Cada Passo



(livreto que esta em processo de impressão para publicação no cotidiano)



Título: A Espessura do Tempo em Cada Passo
Autor: Yan Chaparro
Fotografias: Yan Chaparro
Diagramação e Criação Gráfica: Marcelo Pisani Garib
Ano: 2016

* Um agradecimento em especial ao Augusto Paulista, CHICO que presenteou este livreto com o conto  de sua autoria denominado Construção.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

De Perto (micro-conto - 2016).




De perto.



* micro-conto que esta no livreto A Espessura do Tempo em Cada Passo. (2016)



Como vai meu amigo, recebi seus relatos do lugar que descreverá anteriormente. Me parece que este lugar, que você entende que não esta em lugar algum, se apresenta como muitos dos lugares que já percorremos. Senti um aperto no peito ao ler seus relatos. Os vultos dos quais fala sugeri num primeiro instante a imagem de Narciso, mas ainda não estou certo disso, as vezes me pego pensando que estes vultos estão configurados como uma organização anterior a estrutura Narcísica. Você me fez lembrar de um autor que talvez, um dia, quem sabe, pretende escrever um livro chamado Anti-Narciso. Lembrei desta cortante e precisa imagem do Anti-Narciso, porque me parece um ponto central que precisa ser levantado como questionamento para a realidade deste lugar do qual você relata. Quando é possível observar que este lugar encontra descompassos e cisões que não permite organizar o que o nosso amigo Jacob Levi Moreno nos lembrava, a organização do Eu – Tu – Mundo. Uma critica como ação de descobrir os mecanismos de repetição, a perversidade que compõe uma melancolia sem fim. De perto e de longe, você relata uma angustia real composta pela naturalização de fantasias que confina qualquer tentativa de transcendência, não a transcendência metafisica, mística, ou como muitos ultimamente dizem pós-alguma-coisa. Falo da transcendência concreta do qual discutimos já faz um bom tempo. Da transcendência cotidiana, dos pequenos e grandes embates, das silenciosas e racionais revoluções. A revolução profunda. Revoluções como construção de conhecimentos e ações. E não das invenções que criam pássaros sem asas, ou mesmo, um amontoado de devaneios que não cria, mas sim, constroem fugas e descompassos do real. Como desviando os olhos da morte do Outro. O que você relata me faz sentir a dor de olhar a historia de um lugar e perceber o tão amortecido ele se encontra por conta da exploração que me faz ficar sem respirar, quando as imagens que você me relata, estanca minhas narinas do sangue que foi e que é derramado todos os dias para que os mesmos reis possam gozar do poder de dominação, poder que você bem relata que se constroem historicamente no presente, nutrido pelas fantasias e imaginários que movem este lugar, que permite que os reis debochem ironicamente da condição amortecida deste lugar.



Yan Leite Chaparro
Campo Grande, MS. 2016

terça-feira, 10 de maio de 2016

O "ambiente" e a possibilidade ambiental.









O “ambiente” e a possibilidade ambiental.




   * texto Apresentado no Laboratório Sistemas Produtivos e Inovativos em Desenvolvimento Local.




Para iniciar a apresentação sobre o tema percepção ambiental em um laboratório que traz um campo complexo de saberes, instante onde encontramos pessoas de variadas posições teóricas que buscam se organizar no sentido de um entendimento amplo da realidade configurada pelo tema de fundo do desenvolvimento local. Inicio a reflexão com três perguntas:

O que é afinal o ambiente? Se é afinal, ou é uma questão aberta, como um sistema aberto de posições e confecções de saberes?

Como se constrói a noção de ambiente no sentido do sujeito e do coletivo contemporâneo da sociedade vigente e reconhecida como ocidental?

Como podemos pensar e iniciar uma proposta ampla, complexa e sensível em relação ao fenômeno descrito e conhecido como ambiente?


Estas três perguntas irão entrelaçar uma reflexão organizada para ser refletida em grupo no laboratório e seu tempo presente, tempo que podemos emprestar do filosofo Deleuze a noção de rizoma para pensar a realidade, quando o tempo não se organiza de forma linear, mas rizomaticamente, onde no presente encontramos o passado e o futuro entre movimentos de tensões constantes, ou mesmo, quando iniciamos a pensar a desconstrução de dicotomias que permeiam as construções de realidade, entendendo que o ponto de vista muda o objeto, mas o objeto também muda o ponto de vista. Quando a realidade sempre supera a ficção.

Será que a noção de ambiente reproduzida na sociedade que vivemos é uma ficção? Pois, sabemos que esta noção de ambiente vivida hoje é construída no nascimento do positivismo e fundamenta pela organização social e econômica do capitalismo.

O sociólogo da ciência Bruno Latour lembra que o capitalismo permite hoje duas coisas, a exploração do homem em relação a natureza, e a exploração do homem em relação ao próprio homem. O que consolida que a possibilidade de um ambiente que se organiza de forma coletiva para um bem comum e sustentável esta longe de ser visto.

O mesmo Latour em seu livro Jamais Fomos Modernos, traz a átona importantes reflexões em relação ao problema da dicotomia que organiza e reproduz construções de realidades cotidianas, micro e macro. Como a noção dicotômica entre Natureza e Cultura. Latour assenta seus estudos na produção reflexiva sobre as associações entre humanos e não-humanos, sobre as produções dos híbridos, e chega a reconhecer que as sociedades modernas produziram uma própria natureza, a tecnologia. Quando as organizações de realidade se desenvolvem pelas associações entre humanos e não-humanos e a produção de híbridos, e reconhece que jamais fomos modernos porque o grande projeto da modernidade é a formação da realidade movida pela dicotomias, mas esse projeto nunca triunfou, pois os humanos sempre produziram híbridos. Não é atoa que vemos um montado de objetos não-humanos inventadas com sentidos humanos. A própria burocracia, os sistemas computacionais, os alimentos modificados geneticamente, as vacinas e os automóveis se mostram como associações entre humanos e não-humanos que produzem híbridos.

A natureza como sentido de plantas, outros animais, agua de uma nascente e o próprio ar que respiramos. Se tornam conhecimentos obscuros e afastados da condição humana, como uma floresta cheia de fantasmas. O Humano (cultura) de um lado e natureza de outro. O pantanal, o cerrado, a mata atlântica, a floresta amazônica, ou mesmo hoje o quase impossível jardim e a arvore na frente de casa, se mostra hoje como fenômenos não-humanos caracterizados com a ausência de conhecimento do próprio humano, ou mesmo o próprio corpo, que para o humano é um mistério que só pode ser desvendado como uma maquina por especialistas e academias de musculação, e não como pensamento, como um pensamento autônomo de si próprio.

O antropólogo Viveiros de Castro constrói uma posição teórica dentro da antropologia denominada perspectivismo, que entende que a sociedade ocidental organiza as formas de pensar a realidade a partir do ponto de vista, enquanto os povos ameríndios organizam as formas de pensar a partir do objeto, ou mesmo, o objeto muda o ponto de vista, e não ao contrario, reconhecendo que o principio de pensar dos povos ameríndios equivale a composição fenomenológica de construção de conhecimento e epistemologias, suas ciências. E com este esforço que parte de pesquisas etnológicas, entende que o ambiente, ou o que se pensa como ambiente não é e nunca foi natural, ele é antes de tudo social, quando entende o imenso conhecimento construído pelas sociedade ameríndias com a natureza.

Como lembra a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha em seu livro - Cultura com Aspas (2009): “Essas sociedades tem uma ideologia de exploração limitada dos recursos naturais, em que os seres humanos são mantenedores do equilíbrio do universo, que inclui tanto a natureza como a sobrenatureza (p.288)

Mas, se o ambiente não é uma estrutura natural, mesmo que muitas vezes seja naturalizado, então o ambiente é uma construção social, ou mesmo uma organização de saberes e fazeres. Isso? Neste momento chega-se a questão da percepção ambiental, pois é a partir de como se percebe e depois se compreende o ambiente, que este ambiente é construído como tal.

O filosofo Maurice Merleau-Ponty em seus livros, Fenomenologia da Percepção e O Olho e o Espirito, traz para o campo de reflexão o conceito ser-mundo. Conceito que podemos ver no complexo e denso esforço teórico de Enrique Leff.

Conceito que amplia no sentido racional e sensível a concepção de ambiente, pois se o humano tem como condição de existência o fenômeno ser-mundo, o humano nunca esta distante do ambiente, senão isso seria um sintoma esquizoide, já defendido por Deleuze, pois o próprio conceito ser-mundo pode ser entendido como o movimento concreto de construção e produção de ambiente. E instala o humano como um ser condenado a viver coletivamente e no mundo, entendendo coletividade como as associações entre humanos e não-humanos e entre humanos e humanos.

Neste sentido o humano entende e faz o que é ambiente antes pelo que ele perceber e compreende como ambiente, movimento que passa por estreitos da sensibilização racional, o que pode ser organizado por uma educação que esteja atenta ao esforço para questionar a dicotomia natureza e cultura. Pois, o cuidado ambiental pode ser orientado quando a noção de ambiente pode ser compreendida que o ambiente não é somente externo ao humano, mas também interno. Sabendo que o interno não é tão interno e o externo não é tão externo. Momento onde a percepção ambiental joga com logicas racionais e imaginarias.

O hífen que marca o movimento entre o ser e o mundo se torna um fenômeno aberto e complexo, pois é justamente na organização deste entre, enfrentado como um caminho construído onde se organiza as percepções, as concepções, as compreensões, os saberes e os fazeres ambientais.






Yan Leite Chaparro
Campo Grande, MS 03/05/2016